29 diciembre, 2007

Natal, neve e pausa

Natal diferente, com muito frio e direito a neve ao pé da Serra da Estrela em Portugal.
Ceia com bacalhau natalício, bolo-rei, castanhinha de ovos, peras bêbadas e muitas delícias a mais. Cabrito assado no dia seguinte. Presentes nos sapatos trazidos por um simpático Pai Natal, em casa de grandes amigas. Fogo na lareira. Longe da família.

Totalmente desconectada e, portanto, também longe dessa casa.

Tempo para descansar, pensar, agradecer.

E, devagarinho, vou fechando o ciclo de um momento muito especial. Para começar outro.

Que venha 2008! E que seja tão grande em descobertas, superações e alegrias quanto esse ano.

## Fico devendo as fotos do dia em que senti o maior frio da minha vida. Lindo de doer!

20 diciembre, 2007

Mala pronta, rumo ao Natal!

Já escrevo de Porto, Portugal. Dia cinza, vento e muito frio pela janela. Mas eu aqui aquecida a tomar um cafezinho, depois da sopa, do bacalhau e da rabanada natalina que me esperavam.

Corrida ontem para arrumar tudo, terminar os trabalhos pendentes, apresentar seminário na aula, comprar mala nova, revisar os presentinhos que faltavam, juntar todas as roupas de inverno possíveis. Mais corrida até a estaçao norte, ônibus até o aeroporto de Girona, aviao até Porto, mais metrô para a casa da Chinha.

Já sou perita em vôos baratos, ficalizaçao em aeroportos, com direito a tentativa de passar com água e com botas que apitam. Exatos quinze quilos de bagagem, nem um grama além do permitido, nem um a menos também. Metade eram os livros que trouxe para trabalhar, mais o computador. Feriado de tranquilidade e de estudo. Que a paz das quintas portuguesas me inspire!

Clima de Natal por aqui, com festa para gente no aeroporto, recepçao com cartazes, festa, fotos, abraços. Bonito de ver. No pensamento, já uma preparaçao para a minha vez de voltar.

17 diciembre, 2007

Carência

Será que terei que pagar alguém para deixar um comentário por aqui?

...

14 diciembre, 2007

Vai, companheira!

A minha mala vermelha foi desenganada hoje. Assim, sem mais, o cara da loja de consertos decretou o fim da parceria. Ela - que percorreu quilômetros no eixo Santa Maria/Porto Alegre, mais outros tantos até chegar aqui - não poderia seguir ajudando a carregar as minhas tralhas nas costas.

Comprada nas lendárias Casas Eny e abandonada em um ponto de coleta de lixo qualquer de Barcelona. Não sem antes a retirada das fitinhas do Senhor do Bom Fim, que a tornavam única, e uma despedida breve.

A última empreitada foi a viagem a Sevilha, quando foi responsável por minha cinematográfica queda na escada rolante do metrô, já na volta pra casa. Ânimos alterados pela antecipação de seu destino. Antes, ajudou na mudança para o apartamento novo. (Olha ali em cima, até posou pra foto, toda faceira.)

Pois fica essa homenagem póstuma, mas há que se saber aceitar o sentido de adeus. Que venha a próxima! Mais chão pra percorrer.

13 diciembre, 2007

Campanha natalina

Um brasileiro maluco apostou com um professor aqui em Barcelona que conseguiria 10 mil acessos para um vídeo qualquer publicado no You Tube. Detalhe número 1: o prazo esgota-se no final de sexta-feira. Detalhe número 2: se conseguir recebe 200 euros pra ceia natalina.

Em tempo de memes e tantas campanhas invocando o 25 de dezembro, achei divertido dar uma mãozinha. Se algum dos meus fiés leitores se encorajar, é só clicar aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=IwyKsbCO-Z8

Acelerada

Nossa, que susto tomei hoje quando fui retirar uns livros na biblioteca. O funcionário fez todos os trâmites, entregou o cartão e disse olhando nos meus olhos: "são para o dia 10 de janeiro do próximo ano".

Como assim, próximo ano?!? Eu nem penso em fechar esse.

Como em qualquer lugar do mundo a agenda fica pequena nessa época do ano. É tempo de terminar o que não foi terminado. Todos os prazos do mundo, de revista, congresso, aula, trabalho, seminário ou o que seja, resolvem coincidir. E há que se reservar algum tempo para percorrer as lojas em busca de presentinhos especiais, que ao mesmo tempo sejam úteis, inteligentes, divertidos e baratos.

Alguns amigos voltam ou viajam para o Brasil, o que ajuda a reforçar um sentido de despedida, do qual fujo. Vai ser dureza me liberar de um ano tão intenso quanto esse: cheio de trabalho, de ócio, de descoberta, de encontro, de aprendizado. Surpresas, boas e ruins, reservadas até o último minuto. Mas levo pra 2008 um sentido de superação, liberdade e auto-conhecimento que espero manter na bagagem por muito tempo.

Mas isso não era pra ser um post de "boas festas". Era só um registro da minha mais do que habitual aceleração cotidiana (aquela que de um jeito maluco me impulsiona), intensificada depois da partida da minha mãe e seus dias de férias. Sigo com minha coisas pra fazer, feliz da vida por aqui. Já me dei conta que meu estilo de vida passa um pouquinho longe da serenidade. A minha paz de espírito é bem outra...

** A foto, meio feinha, registra o dia em que me dei conta que era Natal, ainda no começo de novembro num shopping de Porto. Nessa hora também levei um susto danado. A propósito, o Natal esse ano vai ser compartilhado com a família da minha amiga Joana em Portugal, porque afeto e espírito natalino não fazem mal a ninguém ;)

10 diciembre, 2007

Ventania

Ventos de até 90 km/hora ontem em Barcelona. Uivo na janela, motos caídas pelas calçadas, teto da estação de França lançado aos ares, viagens de trens adiadas.

E eu colocando pedrinhas nos bolsos no último passeio da minha mãe antes de voltar para o Brasil. No roteiro: Arco do Triunfo e Parque da Ciudadela.


Minha matriz fronteiriça associada a lembrança de Érico Veríssimo me fazem apreciar a ventania. Viração: de humores, sentidos, idéias. Do Minuano ao Vento Norte, que bem vivido seja o que sopra por essas bandas.

05 diciembre, 2007

Lili, volta logo

No dia do meu aniversário, recebi a surpresa de uma campanha muito especial vinda lá do Brasil. Mensagem repetida nos recadinhos deixados com desejo de felicidade no Orkut.

Só fez aumentar a saudade de todos.
Mais três dos meus super garotos-propaganda:



Alguém mais adere à campanha?

03 diciembre, 2007

Sevilha

Achei um livro reportagem sobre os mistérios de Andaluzia em uma feirinha em Córdoba ontem. Três euros e a história que só depois descobri tratar de casos de aparecimento de OVNIs e outras coisinhas raras por terras andaluzas. Nao precisa tanto, os mistérios e a beleza estao em cada esquina.

Escrevo de um cibercafé perto da Plaza del Salvador, no centro de Sevilha. Faltam as fotos que ainda estao na câmera. Corro pra percorrer as lojinhas de recuerdos antes de pegar o aviao. Volto a escrever amanha de Barcelona no dia do meu aníver. Tem festa!

28 noviembre, 2007

Turista em BCN

Depois da última escrita, tão empolga, minha mãe já atravessou o oceano, já começamos o roteiro por Barcelona, escrevi parte da análise de um projeto de pesquisa em que participo e mais uma vez revi a agenda de trabalho do meu projeto de tese.

Deixei minha câmera cair das alturas do Parc Guell, a recuperei ilesa uns oito metros abaixo. Comi feijoada, parei para escutar artista de rua, entrei na Pedreira de graça, tirei foto no bairro Gõtico. Ensinei as rotas do metrô, o caminho de casa, a fazer compras no supermercado sem tocar nas frutas. Caminhei muito. Ri outro tanto. Comecei a matar a saudade.

Poderia escrever mais, mas amanhã acordamos cedo pra ir a Figueres conhecer o museu do Salvador Dali. Enquanto isso, compartilho um flash dos dias felizes de turistas na minha cidade.


21 noviembre, 2007

Alma blogger

Depois de uma longa conversa sobre blogs, videoblogs e mundo blogger hoje com um colega da universidade, estava me ensaiando pra escrever sobre o propósito desse espaço aqui e da vontade de voltar a escrever como antes.

Minha surpresa - boa surpresa - foi abrir o blog a dar de cara com comentários de minhas amigas-irmãs a me deixar mais feliz e reforçar a idéia de estar presente com mais força nesse universo. Uma casa, um pouco abandonada nesses dias, mas que me deixa bem à vontade.

Assuntos sobre os quais escrever não faltam, coisas da vida, idéias apontadas numa mesa de bar, conversas fiadas, pensamentos, o que observo, o que vivo. Não vou chegar a falar das burradas, dos erros repetidos, dos dias em que tudo vai mais ou menos porque, pelo menos pra mim, nada mais chato do que fazer terapia na blogosfera. Isso não significa que esteja saltitante em todos os posts, mas guardo uma reserva entre o muito de pessoal que atravessa tudo o que escrevo e o tanto que resta, que não cabe.

O que quero recuperar é esse olhar interessado em dividir o que me impacta e me faz pensar, como quando ia pelo metrô fazendo pequenas anotações que podiam render um escrito por aqui.
Ainda que eu não saiba muito bem para quem escreva e tenha a sensação de que às vezes as palavras se perdem - eterna questão para quem bloga - existe gente que passa e gente que volta a esse canto tão escondido e tão próprio.

Bom, antes de ir, vai o crédito para o meu amigo Alejandro, da costenha cidade de Baranquilla, na Colômbia, que me disse assim, sem mais: "es que tienes el alma de blogger". POis começo a achar que sim, seja lá o que isso queira dizer. Inspiração com seu El Armadillo e El Armadillo TV.

18 noviembre, 2007

Outono com frio

Barcelona, domingo, 11º, 17h45.

Há dois dias fez 3º e é essa a temperatura registrada no meu cérebro e pelo meu corpo. Frio. Chegou de verdade e com ele as noites longas que dão a impressão de que o dia terminou quando ainda há muito por ser feito.

Frio inspira ficar em casa. Ficar em casa inspira... trabalhar na tese. É isso o que tem que inspirar no momento e ponto.

Vontade de escrever mais por aqui.

** Foto tirada "improvisadamente" da janela do meu quarto, há poucos minutos. Pra dar uma idéia do clima sem requerer grande trabalho ;)

11 noviembre, 2007

¿Por qué no te callas?




Dia em que o rei mandou Chavéz se calar, levantou e saiu.

O ego-polêmico-autoritário presidente da Venezuela chama Lula de “magnata de petróleo” e, agora, quer aliado.
Parceiro mata brasileira a facadas em Madrid.
Cinema estréia “Leones por corderos”.
Bombas do ETA são desativadas no País Vasco.
Tripulação espanhola do vôo que levava menores de Chad para França é libertada sob aplausos. Quem quer saber das crianças?
Tele5 faz matéria de vários minutos sobre o novo cabelo de Ronaldo.
Barça perde do Getafe.

E eu, quê?!?
Vontade de mandar mais gente calar a boca.

06 noviembre, 2007

Lagares da Beira

Tranquilidade para seguir a labuta

01 noviembre, 2007

Mundo Lavapiés

É tomar a decisão de sair do metrô e mudar a rota. No caminho, o bairro de Lavapiés, no centro de Madrid.

Diverso, se estima que mais de 50% da população não é espanhola. O que se pode constatar com facilidade em uma volta rápida por suas ruas. Há muitos locutórios, lojas de chineses, restaurantes índios e libaneses, padarias equatorianas, bazares marroquinos, gente com todas as caras e idiomas.



Na sua história, foi espaço de judeus, velhos, okupas, pobres e imigrantes. Passa por um polêmico processo de revitalização, que limpa mas também expulsa porque aumenta preços de aluguéis. Têm prédios velhos, em obras abandonadas, pontos de vendas de drogas, roubos. Também têm uma trajetória de mobilização social e trabalho comunitário que ganharam o mundo.

Na visita, encontramos por acaso uma filmoteca, prédio lindo que resistiu aos anos pra abrigar projeções de filmes muito diferentes daqueles das grandes salas. Café charmoso e uma livraria especializada em cinema em que descobrimos MUNDOLAVAPIÉS, livro DVD construído entre muitas mãos, pelos moradores pra contar a sua história.


Fotos, poesias, frases recolhidas entre os vizinhos, análises, letras de música. A fragmentação e a beleza do livro refletem a complexidade do bairro:

Mi barrio es un camaleón posado sobre una falda escocesa.

Superheroe del barrio: no vuela, pero vive con
400 euros al mes, no tiene visón de rayos x, pero la poli
le cachea, día sí, día también.
No tiene megafuerza, pero come,
desayuna y cena... kebab con kalimotxo.

Lo feo resulta bonito si mi voz se mezcla a la tuya y
crecen bellos acordes desde el pie como la vida.

Lavapiés, un barrio en transformación,
alegre y triste, vivo como siempre.



As fotos são do Flickr.

Mais Lavapiés:

Bruxas

Na vida e na blogosfera, melhor não prometer nada que não se possa cumprir...

Tive mil idéias do que postar por aqui, mas faltou tempo e um pouco de organização também.

Atendendo à provocação da Cacá (no comentário abaixo), vai um resumo do meu dia das bruxas:
- sonho a estilo viagem astral em que uma mulher desconhecida me olha no olhos e diz: "é tudo real". A frase é repetida umas três vezes, acompanhada de outra palavra estranha, inexistente no meu vocabulário e que não consigo lembrar.

- uma lâmpada da sala estoura na minha cabeça e se desfaz em mil pedacinhos, acordando de susto quem estava dormindo e mobilizando a casa

- uma fuga de gás é detectada no fogão da cozinha, o que indica que mais coisas podem estourar por aqui

- minha primeira aula de umas das disciplinas que faço como ouvinte é sumariamente transferida e minha ida à universidade não vale de nada.

Ah, ontem foi dia também da divulgação da sentença do atentado terrorista do 11 de março, que aconteceu em 2004, na estação de trem Atocha, em Madrid, e resultou em 191 mortos e mais de 1500 feridos. Dia histórico na Espanha. Uma história triste que acabou com os principais implicados condenados a penas de cerca de 40 mil anos de prisão, acusados de pertencer a banda armada com penas de 23 a 12 anos de prisão, colaboradores com penas leves, algumas de apenas 3 anos, e com sete absolvições.

...
De modo que nesse dia um tanto pesado, nada de doces e travessuras, resolvi voltar pra casa mais cedo e me render ao sofá. Mas hoje amanheceu um lindo sol. Dia de todos os santos. Feriado. Dia de esconder as bruxas, inclusive as internas, debaixo do tapete.

24 octubre, 2007

Madrid

Arrumando a mala...
Até sábado estarei em Madrid para participar de um congresso organizado pela Universidad Rey Juan Carlos sobre Comunicação, Identidade e Gênero.

Frio chegando pra valer por aqui. Bom!
Na volta, atualizo o blog ;)

21 octubre, 2007

Premonição - Alonso vs. Hamilton

Ele é mau humorado, antipático, brigão, falcatrua. Mas depois de tantas trampas para todos os lados, resolvi torcer pro Alonso. Queria, primeiro, que a decisão fosse no Brasil. Melhor ainda, com pole do Felipe Massa.

Fica aí um vídeo premonitório que circula no You Tube. Vamos ver o que acontece ;)

20 octubre, 2007

Descarte

Barceloneta, 20 de outubro, por volta da meia-noite e meia.
Aniversário do Reinaldo, esquina da casa da Elaine, a caminho do Oveja Negra. Dia de descarte de móveis, lua crescente.


Quatro caixões perdidos no meio da calçada.
Saídos ninguém sabe de onde. Cercados de vizinhas histéricas a especular, enquanto chamavam a polícia. Ninguém se animou a abrir pra ver o que tinha dentro.


Só tivemos coragem de tirar essa foto. Observem a minha mão na alça e a Elaine sendo segurada para não fugir. "Mira que te sale una mano de ahí", diziam as senhoras falantes.

A outra teoria era a de que uma câmera nos observava e que hoje estaríamos todos em um programa de pegadinhas na televisão.

17 octubre, 2007

O começo do fim

Nossa, essa frase soa de um pessimismo terrível. Por coincidência é o nome do primeiro episódio na quarta temporada de Lost (eu disse que vicia) e uma referência que li numa reportagem sobre a programação cultural de outono em Barcelona.

A relação com o tempo e as estações aqui é muito maluca pra que vem do lado de baixo do mapa. Como assim voltar de férias, começar um novo ciclo escolar, escolhar disciplinas a cursar no doutorado, no final do ano? Renovação, planos, projetos em setembro/outubro?
De qualquer maneira, entro no clima e penso em o que estudar na UAB nos próximos meses, enquanto vejo passar o ano de ponta cabeça.

p.s.: Estamos ainda com uma hora atrasada no relógio, o que faz com que a diferença com o Brasil, no horário de verão, seja de quatro horas. Em breve, voltamos às cinco horas. Sempre me confundo com essas mudanças mas acho que é isso mesmo.

14 octubre, 2007

Perdida

Acabo de receber um e-mail com ofertas de viagens para conhecer a ilha de Lost (Perdidos, na Espanha).

Piérdete en la isla de Perdidos

Estados Unidos - 10 días, 7 noches.Viajes en: enero, febrero, marzo, octubre, noviembre, diciembre ¿Quieres perderte en la isla más misteriosa del mundo? Ahora tienes la oportunidad de viajar a Hawaii para conocer de cerca las localizaciones donde se ruedan los capítulos de Lost, la serie de gran éxito que mantiene en vilo a millones de personas. Salidas desde: Barcelona y Madrid

E pela bagatela de 2487 euros (aff)!!

Também tem a opção de emendar Los Angeles e Honolulu por pouco mais.


4, 8, 15, 16, 23, 42... Si esta letanía numérica se repite en tu mente sin cesar, sin duda este viaje es para tí. ¡La isla de Perdidos te está esperando!


Nossa, até o mercado turístico Lost consegue movimentar. Como não repetir que a série revolucionou a maneira de ver televisão? São blogs e mais blogs, podcast oficial, vídeo de orientação da estação orquídea no You Tube, matérias sobre o efeito casimir na SuperInteressante e referências ao programa em muitas outras revistas, comunidades de fãs no Orkut, Lostpedia, um mundo dentro e fora das telas.

E eu amo muito tudo isso. Espero as segundas pra ver os episódios da terceira temporada, transmitida aqui pela Fox, e não baixo da Internet nenhum episódio para prolongar o meu envolvimento com a história que ainda está por vir. Cada fã com as suas manias. Total, temos que esperar até 2008 para os novos episódios mesmo...

O jeito é me juntar aos milhões de telespectadores da série a especular sobre a fé de Locke, a semelhança de Penny e Juliet, a suposta relação de Ben com a francesa, o poder de Jacob, as viagens no tempo de Desmond, ajudando a discutir teorias cheias de ciência, conhecimentos televisivos e muitas doses de imaginação.

Lost vicia.

09 octubre, 2007

Tese

Esvaziar o cérebro de qualquer outro pensamento que não seja o texto que estou escrevendo agora, o conceito que desenvolvo, o contexto que crio.

O final de ano que se aproxima, as disciplinas que me esperam em março, o que tenho que comprar, o congresso, os prazos, as metas, os sonhos: tudo tem que ficar guardado lá longe. Pensar sobre o grão de areia que esse capítulo significa no universo de uma futura tese definitivamente é algo que deve ser evitado.

Estar cem por cento no aqui e no agora. E como exorcismo de crises, antes que elas se instaurem, dar uma passada no blog para compartilhar devaneios. Não é que produzir uma tese tem muito de viver?

07 octubre, 2007

Che

Em meio a difícil tarefa de pensar a América Latina, impossível não registrar a memória dos 40 anos da morte de Ernesto Guevara (1928-1967).

Gostei da matéria publicada hoje em El Pais, que apresenta um Che íntimo, seus escritos inéditos, seu gosto por poesia, suas cartas de amor à mulher e seu carinho com os filhos. Além, claro, de sua crítica à cartilha do socialismo soviético e sua crença na liberdade pela luta armada.

Acima, foto publicada na reportagem especial, num dos momentos de leitura de Che, no Congo, em 1965 (a foto foi cedida pelo Centro de Estudos Che Guevara e está no site do jornal).

Abaixo a velha polêmica do uso comercial da imagem do revolucionário, na ironia bem-humorada de Kevin Johansen. Mas a pergunta é válida: o que pensaria Che 40 anos depois? Há quem diga que estaria satisfeito com o dito giro à esquerda nos países latino-americanos nos últimos anos. Será?

McGuevara’s O CheDonald’s (Kevin Johansen)

Todos se dejan la barba y el pelo como él
Pero no son como él
Todos declaran y hablan en nombre de él
Como si fueran él
Yo me pregunto que estará pensando él
Si pudiera ver
Cómo se llenan de plata hablando de él
Sin saber nada de él

Todos se compran la remerita del Che
Sin saber quien fue
Su nombre y su cara no paran de vender...

Parece McGuevara's o CheDonald's
Parece McGuevara's O CheDonald's

No es hermano de Fidel ni pariente de Pino'che'
El nació en la Argentina y salió a recorrer
No es de la época de Evita y a pesar del musical
Nunca fue asistente de Peron, el General

Yo me pregunto por qué le tocó a él
Ser Jesucristo al final del milenio, che, eh, Che...

(Y lo mataron como un perro en Bolivia)
Vuelve y vuelve mil veces al que matan así
O es que al final nunca muere
El que no teme morir

Parece McGuevara's o CheDonald's

04 octubre, 2007

Tudo ao mesmo tempo

** Tem festival de cinema acontecendo. O primeiro é o Docúpolis (vamos combinar que não é um nome muito feliz para ser divulgado em português, but...). VII Festival Internacional Documental de Barcelona, de 3 a 7 de outubro, no Centro de Cultura Contemporânea (CCCB).

** Em Sitges, começou hoje um festival de cinema fantástico, leia-se, de terror, que dizem ser o mais antigo do gênero no mundo, em sua 40ª edição. A estréia é com um filme super badalado por aqui (imagem ao lado), indicado espanhol à lista de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2008: El Orfanato, com Belén Rueda como protagonista (a mesma de Mar Adentro).

** Para completar, tem Feira Internacional do Livro, a Liber 2007, até amanhã, na Fira de Barcelona. E hoje o Centro de Estudos Brasileiros em Barcelona organiza uma conversa com escritores que participam do evento. Juremir Machado, Flávio Moreira da Costa e Renato Cordeiro Gomes estarão falando sobre literatura daqui a pouco no Consulado Geral do Brasil.

Eu mesma não poderei ir, nem ouvir o Juremir, nem ver a estréia de Sitges 2007... Quem sabe um documentário no final de semana? Vida cheia, pesquisa 100%, calendário atropelando. Mas nada de lamentações que blog não serve pra isso. Pelo menos o meu não!

01 octubre, 2007

Derrumbe de la Sagrada Família

Parece brincadeira, mas é uma verdade absurda. Pelo menos a parte do túnel para um trem de alta velocidade que pode ameaçar a Sagrada Família. O projeto já foi aprovado e, mesmo com pareceres contrários, campanha da comunidade e alternativas de trajeto (talvez mais longas e caras), parece que a obra segue.

Sinceramente, eu não entendo a razão de colocar em risco, ainda que apenas suposto, um patrimônio da humanidade pela Unesco, símbolo maior da cidade, que recebe centenas de turistas todos os dias.

Por via das dúvidas, aderi à campanha e fui uma das 5 mil pessoas de 95 países diferentes a mandar uma mensagem de protesto às autoridades responsáveis.

www.sossagradafamilia.org

24 septiembre, 2007

La Mercè









Acabo de voltar da festa de la Mercè com a certeza de que amo Barcelona.

Pode ser a impressão de uma romântica em dias cor-de-rosa (e pós show do Travis), mas a diversidade e a liberdade que são possíveis de experimentar aqui me fazem tão bem...

Quatro dias de concertos, desfiles de gigantes, circo, brincadeira, gincana, fogos (festa na Catalunha sem um foguete não é festa), exposições, museus abertos e gente, muita gente na rua. É a festa maior de Barcelona, com uma programação variada, a lembrar da padroeira, Virgen María de la Merced (embora eu mesma não tenha conhecido a parte religiosa da comemoração). É festa popular a ocupar muitos espaços da cidade.

Imersa no meu universo da pesquisa, olhei a festa também desde o foco da presença latino-americana em Barcelona. E hoje saí a ver o que encontrava na Praça Catalunha, onde acontecia uma mostra de associações.

Ali na centro da cidade:
* apresentação de dança com o grupo Alma Peruana, antes do flamenco e da música clássica
* projetos sociais tocados aqui por gente de lá
* encontro em associação de bolivianos
* gente disposta a contar um pouco da sua história
* e, antes de ir embora, duas brasileiras a misturar samba com batida eletrônica, distribuindo instrumentos de percussão improvisados que fizeram catalão, brasileiro, chileno, francês e quem mais passasse balançar






Ok, nem tudo é integração e festa...
mas deixa eu viver o meu dia de polyanna.

19 septiembre, 2007

Outono




















El porvenir es tan irrevocable
como el rígido ayer. No hay una cosa
que no sea una letra silenciosa
de la eterna escritura indescifrable
cuyo libro es el tiempo. Quien se aleja
de su casa ya ha vuelto. Nuestra vida
es la senda futura y recorrida.
Nada nos dice adiós. Nada nos deja.
No te rindas. La ergástula es oscura,
la firme trama es de incesante hierro,
pero en algún recodo de tu encierro
puede haber un descuido, una hendidura.
El camino es fatal como la flecha
pero en las grietas está Dios, que acecha.
Para una versión del I King. Jorge Luis Borges.


É essa coisa de entristecer quando o frio chega que não me deixa.
Lembrança de entardecer laranja,
nesse jeito atravessado de viver o tempo por dentro.

(Nessas horas, até a foto é gaúcha: de Eduardo Amorim)



16 septiembre, 2007

Festas latinas

Quem manda estudar os imigrantes latino-americanos em Barcelona? Povo festeiro esse meu!

O final de semana foi dividido entre tango e mariachis, empanada e burrito, exposição de fotos e apresentação de luta livre.





"Somos tristes los argentos..."


São pura paixão, isso sim. Paixão por Buenos Aires, sua terra, saudade, ritmo, amor de alma inteira. Lindo o encontro do Urban Tango, que reuniu no sábado argentinos errantes, espanhóis e amantes da dança de diferentes cantos.

Hoje acompanhei parte da comemoração da Semana do México em Barcelona, promovida pela Associação Cultural Calli Mexica. A programação teve apresentações de luta de grandões fantasiados, entre gritos da platéia. O que me fez chegar a conclusão de que não gosto de briga nem de brincadeira. Sou mais os simpáticos mariachis, seus sombreros e canções.

No sábado, os mexicanos lembraram o começo de sua luta pela independência na cerimônia do Grito. Toda a festa teve como cenário o Poble Espanyol, uma vila que reproduz parte da história arquitetônica espanhola com uma vista linda da cidade.

Máscaras de lutadores a 50 euros e artesanato mexicano


Burrito, si us plau!

Depois de cantar, eles gostam de posar pra fotos

14 septiembre, 2007

Rede da discórdia

... ou a história do quase

Primeira vez em que, de verdade, sou tachada como persona non grata nessa cidade. Meus vizinhos de porta não são lá muito chegados a imigrantes. Se forem brasileiros então...

Ok, eles têm histórias precedentes que ajudam a manter reservas. É que os antigos moradores do meu apartamento, todos brasileiros, eram campeões em festas no prédio: fala alterada, música alta, entra e sai de gente... Na última, colocaram 12 pessoas em um elevador em que só cabem quatro.

Isso eu só fiquei sabendo depois. Até aí não entendia o porquê da dificuldade de arrancar um simples hola nos encontros de corredor.

Outro dia estávamos nós três, companheiras de piso, e uma amiga tomando vinho e conversando na sala. Era sexta-feira à noite, um pouco antes das 11 horas, e eis que toca a campainha. O vizinho, de maneira educada, queria saber o que tínhamos pendurado na sala que fazia um barulho estranho do outro lado.

Ai, ai... era preciso uma imersão na cultura indígena brasileira para explicar o que é uma rede de dormir. Nos restringimos a dizer que era uma inofensiva maca, na tentativa de encontrar uma palavra que se aproximasse do que queríamos dizer. Não posso saber o que eles teriam imaginado.

Pensei em começar essa história de novo: fazer uma torta ou bolinhos, bater na porta e me apresentar. Bom, numa versão mais brasileira, melhor seria levar um bolo de fubá, um acarajé, um... Ihhhh! Vai que pensam que é macumba. Deixa quieto.

Sobre redes de dormir:
"A rede nos acompanha desde o primeiro ao último dia - é berço, leito nupcial, é cama de enfermo, é caixão de morto". Raquel de Queiroz

“A cama obriga-nos a tomar o seu costume, ajeitando-nos nele, procurando o repouso numa sucessão de posições. A rede toma o nosso feitio, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia, a forma do nosso corpo. A cama é dura, parada definitiva. A rede é acolhedora, compreensiva, ondulante, acompanhando, morna e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossego. Desloca-se, incessantemente renovada, à solicitação física do cansaço. A rede colabora com a movimentação dos sonhos. Entre ela e a cama há a distância da solidariedade à resignação”.
Luis da Câmara Cascudo. Rede de Dormir: uma Pesquisa Etnográfica. 2 ed. São Paulo: Global, 2003.

12 septiembre, 2007

Distância

Minha vó caiu e quebrou o fêmur no domingo e eu só fiquei sabendo hoje.
Minha tia deixou um recado no meu Orkut para que me conectasse no MSN porque precisava falar comigo.

Num instante, as distâncias que construímos pequenas se fazem enormes.

Eu só queria atravessar a rua e levar uma fatia de bolo diet pra minha vó.

09 septiembre, 2007

Brasil


Amanhã põe uma roupa verde e amarela para lembrar que é o dia em que o Brasil, após passar anos e anos sendo roubado por esse povo daí, gritou (ou melhor falou bem baixinho): "Independência ou Morte". Porque até hoje não conseguiu ser independente.

Bom, mas esse é o nosso País!


Foi com essa mensagem mandada por minha mãe que eu lembrei das celebrações-protestos-reflexões geradas pelo 7 de setembro. Diferente pensar o Brasil desde fora, saber das notícias com certa distância, viver a experiência de ser brasileiro de longe. E desde uma terra em que, pelo menos por enquanto e no círculo em que me relaciono, o "ser brasileiro" carrega uma conotação positiva, às vezes estereotipada, mas sempre relacionada com a idéia de um povo feliz apesar das dificuldades, de riqueza natural e de cultura, de alegria de viver e energia festiva.


Certo que circula a imagem do Brasil associada à prostituição (de homens e mulheres imigrantes que ajudam a compor a maioria dos que estão nas ruas). Mais certo que, mesmo sendo um coletivo ainda minoritário em estatísticas migratórias, já começa a ser visto com preocupação desde as políticas públicas. Tanto que acompanhamos histórias de gente que foi barrada na fila da imigração dos aeroportos, mesmo apresentando documentação necessária, o que indica que talvez em pouco tempo o Brasil esteja na lista dos países em que é exigido o visto de turista para entrar na Espanha.


Ainda assim, no cotidiano, o anúncio de ser brasileiro quase sempre (e depois conto a história do quase) é acompanhado de uma resposta que vem na forma de sorriso e de curiosidade. Um pouco de carinho, eu arriscaria dizer. Em concreto, mesmo que a onda da moda brasileira já leve anos e esteja um pouco em baixa por aqui, o verde amarelo está nas camisetas, nas Havaianas, nos biquinis, nas bandeiras, no Ronaldinho, no Carlinhos Brown, na música em geral, na proliferação de festas ao ritmo do forró ou de classes de samba e capoeira, no sonho com as férias em Salvador da Bahia, na vontade de conhecer as Cataratas do Iguaçú, na lembrança do Cristo Redentor como um símbolo nacional. Tudo um tanto brasileiro para exportação, ok, mas carregado de um otimismo verdadeiro em relação ao país.


Otimismo que, acredito, também nós, que infelizmente não deixamos de ser roubados (por estrangeiros ou nativos) e que lutamos no dia-a-dia para, enfim, nos libertarmos do estigma de colonizados, ainda nutrimos em relação ao Brasil. Por mais contraditório que esse sentimento seja e por mais que venha acompanhado de ondas de desencanto, ele está na frase da minha mãe, está na dita alegria de viver dos brasileiros que estão aqui e aí.
Talvez esse limite tênue entre o otimismo e a desesperança seja a nossa desgraça, talvez não.


*** Confesso que não me identifico muito com o que é apresentado como típico brasileiro por aqui e já entrei em algumas furadas quando resolvi conhecer festas ou espaços dedicados ao país em Barcelona, mas essa proposta parece diferente. Trata-se do Festival Brasil Noar, que está em sua sétima edição. Com conferências, shows, exposições, projeções de filmes, movimenta o circuito Brasil-Espanha por aqui até o final do mês.

05 septiembre, 2007

Mais migracões

** En la calle
- ¿Eres de aquí?
(... tiempo para pensar...)
- Vivo aquí.

Eso de estudiar migraciones e identidades deja uno un tanto rarito.


** Livro
Para viajantes, mochileiros e amantes da aventura de todos os tempos, On the Road, de Jack Kerouac, completa 50 anos de sua publicação hoje. Com o espírito jovem e abusado de sempre.


** Academia
Participo até sábado do II Congreso Internacional de Etnografía y Educación, dedicado a discutir o tema Migraciones y Ciudadanía, na UAB. Amanhã apresento o trabalho "Redes sociales de inmigrantes e integración ciudadana: un estudio sobre usos de Internet por latinoamericanos residentes en Barcelona".

04 septiembre, 2007

Chamas

Impacto nos telejornais da hora do almoço com as imagens de um cidadão de origem romena que põe fogo no corpo como protesto pela situação de sua família diante da sede do governo de Castellón. Impossível não se chocar com o drama levado ao extremo por um sujeito que, segundo as matérias divulgaram, pedia ajuda para comprar passagens de volta a seu país, depois de ter suas expectativas de melhorar de vida frustradas por aqui.
Prato cheio para incentivar o debate sobre um tema presente no dia-a-dia espanhol, ainda que tratato muitas vezes, pelo menos nos meios de comunicação (desde uma observação livre dessa comunicadora estrangeira), de maneira redutora e simplificada: imigrantes vítimas ou envolvidos em casos de violência doméstica, em roubos ou tráfico, sujeitos anônimos chegados em cayucos ou pateras, e, mais recentemente mas com menos repercussão (como é próprio da cobertura jornalística em geral, por refletir casos não conflitivos), como vizinhos, cidadãos, que votam, vivem e constróem a economia, a cultura, o cotidiano.

As imagens estão nos sites dos principais meios de comunicação, com vídeo no El Pais e fórum de debates en La vanguardia. Participação imediata dos leitores, com posicionamentos ora um tanto xenófobos, ora solidários, mas, acima de tudo, com indicações de um sentimento gerado pela (obrigatória) convivência com as diferenças. Incrível como em pouco tempo a discussão via site faz emergir um conflito polarizado entre espanhóis e estrangeiros (tanto que chegam a identificar-se como tal). Sinais das arestas não tão resolvidas quanto pode parecer à primeira vista.

03 septiembre, 2007

Setembro

Dia de voltar à rotina em Barcelona e em toda a Espanha.
Agora sim: acabaram as férias! E aqui, onde as FÉRIAS são uma instituição social, patrimônio conquistado e muito bem aproveitado, o momento pode exigir até terapia.

As estradas ficaram cheias no última final de semana. E alguns não voltaram pra casa, em uma história triste parecida com a que assistimos no Brasil.

Gente bronzeada nas ruas. Conversa sobre o clima maluco do veraneio nas esquinas. Saudade da praia. Preguiça de acordar cedo.

Metrô movimentado. Pessoal apressado para não perder a hora.

Jornal com dicas de como sentir-se bem apesar da volta: nada de ficar contando os dias até o próximo feriado (que já é no 11)!

Universidade com vida de novo. Filas. Pedidos de informação. Horários na parede.

As lojas tiraram a poeira junto com os cartazinhos de "Cerrado por vacaciones" (a exemplo da fotinho acima de uma série postada por Nereux no Flickr). Todo mundo ao trabalho de novo.

Ah, e academia que nem lembra o deserto das últimas semanas. Corrida pra queima das calorias conquistadas. Adiós, preguiça!

Cheiro de recomeço.

31 agosto, 2007

Sur o no Sur

No ritmo das migrações contemporâneas. Fluxos humanos, de comunicação e de sonoridades. As mesclas de Kevin Johansen não estão só na música: sua história é marcada pela mistura entre a Argentina (onde foi criado e vive hoje) e os Estados Unidos (onde nasceu e por onde morou).

Um pouco sobre o disco:
"Sur o no sur (2002) tiene el encanto de la sorpresa permanente. No se sabe qué va a venir, si algo de Centroamérica o una balada del norte o una milonga o... Agreguemos que Kevin hace un arte de su doble nacionalidad, jugando con un spanglish que utiliza para reírse de algunos conchetos o haciendo convivir las dos lenguas".

www.kevinjohansen.com

27 agosto, 2007

Casa nova

Décima mudança em 28 anos.

Não sei como, mas foram quatro viagens de metrô e uma de carro carregada de malas, mochilas, bolsas, sacolas e sacolinhas. É certo que minhas duas singelas maletas iniciais se multiplicaram rapidamente. E já começo a pensar em como farei pra voltar pro Brasil...

Mutirão de uma limpeza que parecia não ter fim. E na verdade ainda não teve.

Coisas e mais coisas para arrumar. Outras tantas para comprar.

MAS TENHO UMA CASA NOVA!!!

Uma casa de verdade, compartida com duas amigas, nessa cidade em que a questão da moradia é de longe um dos problemas mais sérios. Aqui, mais do que de costume, as imobiliárias formam uma máfia que cobra fortunas de fiança, além de aluguéis altos por apartamentos microscópicos.

E, de repente, nos colocamos em movimento e surge um apezinho bacana de proprietário brasileiro, em um bairro simpático, a ser habitado por mim nos próximos meses.

** Lembrança anos 80: não sei porque mas o câmbio ativou alguma coisa lá no fundo da caixinha da memória.

** Bons fluídos: mudança com direito a ajuda de um anjo. Cabelos longos e negros, olhos azuis e fala mansa. Só faltaram as asas.

** Viva aos chinos: a comida na hora do aperto está garantida por um restaurante com pratos agri-doces fartos e preços baixos no prédio do lado. Responsável pela primeira refeição na nova morada (e pela segunda).

** Quase toc: detergente, amoníaco, esponja, trapos, lavadora, esfrega, mais esfrega... e ainda sobra sujeira?!?

** Vizinhança catalã: região menos turística, com moradores de toda a vida. Padaria boa, comércios familiares, butecos com velhinhos jogando carta no meio da tarde. Sotaque catalão nas calçadas. Ah, e gente disposta a dar informação com sorriso no rosto.

** Redes: às vezes lembro de Se um dia a casa cai, mas é só conectar meu computador deitada num balanço tipicamente brasileiro pra voltar a me animar ;)


22 agosto, 2007

Pra ver TV


Sentar na frente da TV para ver aquele programinha divertido na hora em que não dá vontade de fazer mais nada pode não ser tão simples por aqui.


Primeiro porque a qualidade do que é transmitido, mesmo se compararmos com padrões da TV aberta brasileira, deixa muito a desejar: muita fofoca, vida das celebridades, programas de auditório, jornalismo sensacionalista. Horas e horas de bateção de boca em torno do sexo dos anjos em cadeia nacional. Ah, e como eles gritam na TV... Gritaria objeto, inclusive, de comentário do Almodóvar em Volver: algo pasa con la tele-basura que nos hipnotiza...

Isso sem falar nos intermináveis comerciais. Chegam a durar 15 minutos! É tempo de aquecer a janta, tomar banho, dar uma volta na quadra...

Pra quem resistir a tudo isso, a saída são as séries, muitas versões e releituras espanholas para grandes sucessos, além da veiculação de garantias de audiência da TV norte-americana. Mas eu nunca vi mudarem tanto a grade de programação quanto nas emissoras daqui. Algo inconcebível para uma boa brasileira acostumada a encontrar os mesmos personagens, na mesma hora, dia após dia por longos meses.

Dizem, não sei, que teve uma telenovela brasileira muito anunciada que não durou duas semanas no ar. Pode? Pouca audiência, fora!

Outra coisa: são transmitidos até três capítulos de uma mesma série, um depois do outro, em uma mistura de novidades e velhas temporadas. Vai ver por isso a inconstância. Acaba a série logo, achamos outra para o seu lugar.

Eis que me preparava para ver Mujeres Desesperadas (sim, porque não há nada que resista em seu título original - ah, o nacionalismo espanhol...). E quê? Onde foram parar a Bree, Lynette, Susan e Gabriele?


O jeito vai ser me contentar com uma maratona de episódios da segunda temporada de Perdidos, enquanto eles ainda estão por aí.

No ranking dos mais assistidos ainda estão CSI e House.

Prêmio


Essa é só para membros da União Européia, mas parece uma iniciativa interessante.

Trata-se do Prêmio Europeu de Jornalismo 2007
"Pela diversidade. Contra a discriminação"

A idéia integra as atividades promovidas pela Comissão Européia no (um tanto utópico) Ano Europeu de Igualdade de Oportunidade para Todos e tem o objetivo de valorizar a publicação na mídia de temas que debatam sobre os aspectos positivos de toda e qualquer forma de diferença: de origem étnica, racial, de religião, idade, gênero ou orientação sexual.

Valem matérias divulgadas na imprensa escrita e online até 30 de setembro e as inscrições podem ser feitas aqui.

19 agosto, 2007

Um pouco de Berlin

Até a minha amiga Dozinha resolveu dar um destaque pra elas...

Que decidi colocar umas fotos selecionadas da viagem pra colorir esse domingo sem cara de verão em Barcelona por aqui.


Lembranças da Berlin Oriental misturadas
com o típico made in China


Fim de tarde na avenida Unter den Linden



Polêmica: a torre fica mas o prédio do parlamento da
Alemanha comunista será apagado da história

18 agosto, 2007

Bem gaudéria

Mate amargo (argentino, mas é o que temos)
incenso de violeta
e Telhados de Paris...


Mateando solita e degustando "Latinos en España" (Lola Delgado e Daniel Lozano, La Esfera de los Libros, 2007). Achado precioso hoje na livraria Altair.

Obra do bageense Glauco Rodrigues. Fonte: Página do Gaúcho


16 agosto, 2007

METADE

E acabou a folga!

De volta a Barcelona depois de um roteiro inesquecível, do qual posso falar outra hora. É chegada a metade final do tempo que tenho por aqui. A ser vivida com intensidade, mais intensidade.

02 agosto, 2007

Fora do ar

Este blog estará temporariamente desatualizado.


Se você passou por aqui e não encontrou nenhuma novidade, te desafio a deixar um recado ali embaixo. Vale protesto, reclamação e até xingamento. Afinal, a moderadora não vai estar pra filtrar o conteúdo... E assim você me ajuda a dar uma movimentada nesse espaço.

Volto logo ;)



Linda ilustração da francesa Rebecca Dautremer

Cine feliz

Levitando com Odette...

Odette Toulemonde
França/Bélgica 2006
Director: Eric-Emmanuel Schmitt
Com Catherine Frot e Albert Dupontel

31 julio, 2007

Salva pela biblio

Uma coisa para a qual eu tenho que tirar o chapéu aqui em Barcelona é pra estrutura das bibliotecas: públicas, de universidades, particulares. Há uma rede que atende quase todos os bairros. São espaços tranquilos, com um acervo razoável, acesso a rede sem-fio e, para esses tempos de altas temperaturas, com um ar condicionado que faz toda a diferença.

Tenho usado a recém inaugurada biblioteca da Sagrada Família, que fica a umas três quadras da minha casa. E é incrível perceber como em pouco tempo, o espaço já é apropriado pela gente do bairro. Parece que tinha uma população inteira só esperando que a biblioteca abrisse as portas. Sábado de manhã e ali estão os pais com seus filhos pequenos, crianças com seus notebooks, jovens buscando revistas, livros e DVDs, velinhos também conectados, gente lendo, escrevendo.

Eu gosto disso. Já tinha me admirado como as bibliotecas ficam lotadas na época dos exames das universidades, com fila de espera e com gente que chega cedinho pra garantir lugar. Mas agora, em plenas férias, é mais surpreendente ainda ver o povo entrando e saindo com seus livrinhos debaixo do braço.

Aderi ao estudo na biblioteca pra valer. É o que está me ajudando nesses últimos dias. Isso que nem falei do acervo da UAB, que rende um capítulo à parte.

Rede de bibliotecas municipais
Biblioteca da UAB

30 julio, 2007

Que calor!!!

Nossa, esses últimos dias de julho estão quentes... Com temperatura chegando a 40 graus, depois de um começo de verão atípico, de clima ameno. E junto com o calor tenho encarado muito trabalho. É que encerro minha participação no projeto de investigação sobre o tratamento da imigração na mídia espanhola, do grupo de pesquisa Migracom (UAB) e tenho muita coisa pra fazer até o dia 31, terça.

Agosto são férias gerais por aqui, inclusive na minha universidade. Férias de verdade. Já tem loja com cartazinho dizendo que volta só em setembro. Vai todo mundo (que pode) pra praia e a cidade fica cheia apenas de turistas. Eu pretendo dividir o mês: um pouco de descanso pra voltar com força total à minha tese.

Enquanto isso, só posso expressar a vontade de me juntar à multidão - ou sumir dela. Contagem regressiva!

26 julio, 2007

12 segundos de felicidade

Na verdade, foram duas horas. Duas horas de show de Jorge Drexler no Teatro Grec, ontem à noite. Esperadas com ansiedade e curtidas com intensidade por essa apaixonada pelas composições do uruguaio.

Só o teatro, ao ar livre, com vista da cidade desde o MontJuic, já valia a saída de casa. Achei o começo do show um pouco improvisado, o que pode ser bom ou ruim. Mas depois seguiu um desfile das minhas músicas preferidas, a maioria do CD 12 segundos de obscuridade, um tanto melancólico, bonito de doer.

"Todo se transforma" (Eco, 2005) foi a penúltima a ser tocada. Depois do segundo bis, Drexler disse que nos deixava porque tinha uma viagem pro Brasil no outro dia. Não descobri nada muito concreto na Internet, mas disse que tinha uma apresentação no Maracanã. "E o Maracanã, como vocês sabem, é muito importante pros uruguaios". Vai brincando... Tu pode ;)

24 julio, 2007

23 julio, 2007

Claustrofobia

Meia hora presa em um vagão de trem na escuridão de um túnel entre Muntaner e Sarriá, a caminho da universidade. Sem ar, sem janelas, sem luz, com um calor que aumentava a cada minuto.

Problemas nos ferrocarriles ou nas linhas da Renfe são comuns por aqui. Atrasos, falhas, tudo muito normal até ser eu a ter que ficar ali, impotente. Nada a fazer a não ser tentar não pensar muito e controlar a respiração, que, exageros à parte, beirava a de um claustrofóbico.

"Que nos levem de bicicleta!", dizia uma senhora sentada perto de onde eu estava. Não foi preciso. Dessa vez a culpa foi de uma queda de luz em boa parte de Barcelona que gerou uma avaria do sistema elétrico, logo reparada. Luz e ar condicionado em funcionamento, mais uns minutos para sair do lugar.

E em uma fração de segundo enquanto esperava, lembrei das vítimas do vôo da Tam. Pensei sobre essas conjunções de fatalidades, erros, acasos que nos aproximam de situações limite. Nem todas tão simples de serem resolvidas quanto a que passei nessa manhã.

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Cortado e croissant para comemorar minha chegada na universidade.
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Até amanhã são 110 mil pessoas sem luz em Barcelona. No meu bairro, meu prédio é um dos poucos iluminados em meio a esse apagão causado por problemas em quatro subestações de energia elétrica.

22 julio, 2007

Ontem

Dia em que conheci um verdadeiro soldado norte-americano que lutou na Guerra do Iraque.

Parecido/diferente do que eu imaginava. Falou pouco e tudo o que disse foi off record... não só porque "os jornalistas podem ser perigosos", mas também por haver firmado um documento jurando sigilo sobre tudo o que envolveu sua experiência.

Fomos escutar jazz no Jamboree: boa música saída de uma mistura de espanhóis e cubanos, seguida de ritmos latinos.

p.s.: Steven é namorado da Vane, minha companheira de apartamento. Se bobear, em breve teremos uma boda. O difícil vai ser escolher entre Washington, Barcelona e Manta.

21 julio, 2007

Quem?!?

O século XX é revisitado pelo artista plástico e fotógrafo japonês Yasumasa Morimura através de imagens que brincam com as identidades - não só com as dos sujeitos retratados mas com as nossas também. Me chamou atenção o cartaz da exposição da Fundação Bevilacqua, espalhado pelas ruas de Veneza. Depois li uma matéria numa revista sobre as obras.

Requiem for the XX Century. Twilight of the turbulant Gods

Galeria de personagens importantes do século XX, revelados em suas novas versões propostas por Morimura, que confundem realidade e ficção, em um jogo que convida a pensar sobre nossa cultura, política e sociedade. Além de Che, estão Mao, Einstein, Chaplin, Hitler, entre outros.
Até 8 de outubro em Veneza.