Quilômetros de estradas portuguesas, alguns mosteiros, castelos e histórias depois... e foi sendo feita a avaliação de 2007, pelo
caminho. Caminho é uma boa palavra pra definir o ano que passou.
Intenso caminho. Comecei
eufórica, exausta e feliz pela bolsa, pela viagem, pelo projeto. Cá cheguei, deslumbrada, sorridente. Uma semana para resolver tudo, casa, banco, conta, imigração, universidade. E por um minuto passou pela cabeça: "
o que mesmo vim fazer aqui?".
Não é o que nos perguntamos sempre? No final, acho que a pergunta foi respondida devagarinho, quando resolvi deixá-la de lado, em cada
encontro, cada
descoberta.
Aprendizado de escuta, compreensão do não-dito, na paisagem, na arquitetura, no sotaque, no modo de vida.
A cidade ensina. Nem que seja a respitá-la, depois a reconhecer sua complexidade e por último a amá-la, em sua beleza e em sua dureza, na mistura, na música que soa em cada esquina.
Ano de estar longe e estar perto. De
reencontrar alguns e fazer outros bons amigos. De me
apaixonar, de suspirar, desapaixonar e começar de novo logo depois. Ano de
conhecer gente, de permitir a aproximação sincera e verdadeira. Pra quem chegou só com três nomes na agenda...
De romper alguns paradigmas e dar chance ao
inusitado. De colocar o
pé na estrada (ou no vôo low cost) e conhecer outros chãos, outras caras. Ver e viver o diferente e o nem tanto assim.
Oportunidade de perceber que aquilo que parecia morto e enterrado, dá sinais de vida, perturba, tira o sono, faz pensar. É preciso
mexer lá, reconhecer a grandeza do que não explicamos e admitir que, por mais que nos esforcemos, são preparadas algumas surpresas que nos puxam o tapete e nos mostram que estamos longe de ter o controle.
Ainda bem!Tempo de parar e rever o percurso. Momento de voltar a ser só
aluna,
aprendiz. De começar tudo de novo e não ter medo disso. Só aquele medinho necessário para nos fazer mexer.
Segui
ansiosa com os prazos e os trabalhos, segui
atenta ao que precisava ser feito. Não perdi a
mania de fazer listas, nem deixei de lado a tentativa de colocar cada coisa no seu lugar. Mas dei uma chance maior ao acaso e me permiti seguir um rumo de poucas certezas.
Por um momento, influenciada pelo espírito de final de ano, quis parar o tempo até ter a sensação de tarefa cumprida. Mas algo estranho e inexplicado dá um jeito de se impor para nos fazer pensar diferente. Foi um bom 2007. É hora de assumir até onde pude ir e ver o que fica como missão para 2008, 2009, 2010...
Bem-vindo seja o novo ano!