31 julio, 2007

Salva pela biblio

Uma coisa para a qual eu tenho que tirar o chapéu aqui em Barcelona é pra estrutura das bibliotecas: públicas, de universidades, particulares. Há uma rede que atende quase todos os bairros. São espaços tranquilos, com um acervo razoável, acesso a rede sem-fio e, para esses tempos de altas temperaturas, com um ar condicionado que faz toda a diferença.

Tenho usado a recém inaugurada biblioteca da Sagrada Família, que fica a umas três quadras da minha casa. E é incrível perceber como em pouco tempo, o espaço já é apropriado pela gente do bairro. Parece que tinha uma população inteira só esperando que a biblioteca abrisse as portas. Sábado de manhã e ali estão os pais com seus filhos pequenos, crianças com seus notebooks, jovens buscando revistas, livros e DVDs, velinhos também conectados, gente lendo, escrevendo.

Eu gosto disso. Já tinha me admirado como as bibliotecas ficam lotadas na época dos exames das universidades, com fila de espera e com gente que chega cedinho pra garantir lugar. Mas agora, em plenas férias, é mais surpreendente ainda ver o povo entrando e saindo com seus livrinhos debaixo do braço.

Aderi ao estudo na biblioteca pra valer. É o que está me ajudando nesses últimos dias. Isso que nem falei do acervo da UAB, que rende um capítulo à parte.

Rede de bibliotecas municipais
Biblioteca da UAB

30 julio, 2007

Que calor!!!

Nossa, esses últimos dias de julho estão quentes... Com temperatura chegando a 40 graus, depois de um começo de verão atípico, de clima ameno. E junto com o calor tenho encarado muito trabalho. É que encerro minha participação no projeto de investigação sobre o tratamento da imigração na mídia espanhola, do grupo de pesquisa Migracom (UAB) e tenho muita coisa pra fazer até o dia 31, terça.

Agosto são férias gerais por aqui, inclusive na minha universidade. Férias de verdade. Já tem loja com cartazinho dizendo que volta só em setembro. Vai todo mundo (que pode) pra praia e a cidade fica cheia apenas de turistas. Eu pretendo dividir o mês: um pouco de descanso pra voltar com força total à minha tese.

Enquanto isso, só posso expressar a vontade de me juntar à multidão - ou sumir dela. Contagem regressiva!

26 julio, 2007

12 segundos de felicidade

Na verdade, foram duas horas. Duas horas de show de Jorge Drexler no Teatro Grec, ontem à noite. Esperadas com ansiedade e curtidas com intensidade por essa apaixonada pelas composições do uruguaio.

Só o teatro, ao ar livre, com vista da cidade desde o MontJuic, já valia a saída de casa. Achei o começo do show um pouco improvisado, o que pode ser bom ou ruim. Mas depois seguiu um desfile das minhas músicas preferidas, a maioria do CD 12 segundos de obscuridade, um tanto melancólico, bonito de doer.

"Todo se transforma" (Eco, 2005) foi a penúltima a ser tocada. Depois do segundo bis, Drexler disse que nos deixava porque tinha uma viagem pro Brasil no outro dia. Não descobri nada muito concreto na Internet, mas disse que tinha uma apresentação no Maracanã. "E o Maracanã, como vocês sabem, é muito importante pros uruguaios". Vai brincando... Tu pode ;)

24 julio, 2007

23 julio, 2007

Claustrofobia

Meia hora presa em um vagão de trem na escuridão de um túnel entre Muntaner e Sarriá, a caminho da universidade. Sem ar, sem janelas, sem luz, com um calor que aumentava a cada minuto.

Problemas nos ferrocarriles ou nas linhas da Renfe são comuns por aqui. Atrasos, falhas, tudo muito normal até ser eu a ter que ficar ali, impotente. Nada a fazer a não ser tentar não pensar muito e controlar a respiração, que, exageros à parte, beirava a de um claustrofóbico.

"Que nos levem de bicicleta!", dizia uma senhora sentada perto de onde eu estava. Não foi preciso. Dessa vez a culpa foi de uma queda de luz em boa parte de Barcelona que gerou uma avaria do sistema elétrico, logo reparada. Luz e ar condicionado em funcionamento, mais uns minutos para sair do lugar.

E em uma fração de segundo enquanto esperava, lembrei das vítimas do vôo da Tam. Pensei sobre essas conjunções de fatalidades, erros, acasos que nos aproximam de situações limite. Nem todas tão simples de serem resolvidas quanto a que passei nessa manhã.

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Cortado e croissant para comemorar minha chegada na universidade.
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Até amanhã são 110 mil pessoas sem luz em Barcelona. No meu bairro, meu prédio é um dos poucos iluminados em meio a esse apagão causado por problemas em quatro subestações de energia elétrica.

22 julio, 2007

Ontem

Dia em que conheci um verdadeiro soldado norte-americano que lutou na Guerra do Iraque.

Parecido/diferente do que eu imaginava. Falou pouco e tudo o que disse foi off record... não só porque "os jornalistas podem ser perigosos", mas também por haver firmado um documento jurando sigilo sobre tudo o que envolveu sua experiência.

Fomos escutar jazz no Jamboree: boa música saída de uma mistura de espanhóis e cubanos, seguida de ritmos latinos.

p.s.: Steven é namorado da Vane, minha companheira de apartamento. Se bobear, em breve teremos uma boda. O difícil vai ser escolher entre Washington, Barcelona e Manta.

21 julio, 2007

Quem?!?

O século XX é revisitado pelo artista plástico e fotógrafo japonês Yasumasa Morimura através de imagens que brincam com as identidades - não só com as dos sujeitos retratados mas com as nossas também. Me chamou atenção o cartaz da exposição da Fundação Bevilacqua, espalhado pelas ruas de Veneza. Depois li uma matéria numa revista sobre as obras.

Requiem for the XX Century. Twilight of the turbulant Gods

Galeria de personagens importantes do século XX, revelados em suas novas versões propostas por Morimura, que confundem realidade e ficção, em um jogo que convida a pensar sobre nossa cultura, política e sociedade. Além de Che, estão Mao, Einstein, Chaplin, Hitler, entre outros.
Até 8 de outubro em Veneza.

16 julio, 2007

Listas da viagem

Eu anunciei antes. Minha ida pra Veneza e Roma teve um pouco de tudo. Dias bem especiais, de surpresa, alguns contratempos e muita alegria. Resolvi compartilhar umas listas da viagem. Algumas são impublicáveis, mas aí vai parte da história:

The best:
Veneza
- Alto da Basílica de São Marco com vista pra praça e pra parte da cidade (na foto).
- Escadinha perto do campanário onde comemos nossos sanduíches feitos com produtos 70% mais baratos, comprados em Veneza Mestre, onde estava nosso hostal.
- Palácio dos Dogde. Especialmente a lojinha do museu e mais especialmente o autêntico veneziano que nos atendeu.
- A trattoria que salvou a janta da primeira noite quando não tínhamos nem água.
- Descanso ao som de boa música em outra escadinha, em frente de uma igreja que não lembro qual, depois de um dia de intensa caminhada.
- Praça São Marco ao entardecer.
- Vista da cidade do vaporetto de noite.

Roma
- Fontana de Trevi, a partir de um exercício cinematográfico de sumir com a multidão de turistas. E desde a tolerância de dividir a beleza do lugar (ali abaixo estão os japinhas sempre disputando os melhores ângulos).
- Passeio guiado pelo Coliseu. Melhor se tivesse sido com os estudantes que ficam do lado de fora e cobram baratinho pra dar vida às histórias do lugar, mas nosso guia espanhol não estava mal.
- Fim de tarde na Piazza Navona. E eu, na foto, tranquilinha junto à feira organizada por ali.
- Todos os bares do Campo di Fiori. A noite em Roma (a foto dá uma ligeira idéia mas a fotógrafa é aprendiz).








Lugares estranhos:
Veneza
- Parque dos Albaneses, a 50 metros de nosso hostal depois da Taís ter sido perseguida por um suposto albanês em Florência. E toda a minha bandeira pelo respeito às diferenças sendo afrontada pela dura realidade...
- Ônibus de volta da Piazza de Roma, com uma mulher de 2X2 que insistia em nos encarar
- Calabouços de Veneza e a Ponte dos Suspiros. Me senti à caminho da morte. Enjaulada como no cinema.

Roma
- Imediações da Estação Termini, com seus "vagabundos e sujeitos despossuídos" (segundo meu super-sincero guia), que nos esperaram com uma briga de garrafas.

Furadas:
Veneza
- Essa eu vou ter que contar, Taís, tuas duas malas carregadas sobre umas quatro pontes acima e abaixo não estavam nos planos originais. Mas serviu pra garantir que estamos em plena forma.
- A minha bolsa de 5 euros escrita em vermelho “Roma, Firenze, Venezia...” que manchou minha roupa logo no começo do primeiro dia.

Roma
(Ok, nossa primeira impressão de Roma foi um tanto negativa. Talvez só um pouquinho exagerada...)

- Trocar a passagem de trem e viajar sem lugar marcado de Veneza a Roma. Bom, até que rendeu umas parcerias divertidas e uma vista diferente do caminho... Com direito a CSI legendado em japonês ;)
- Esperar uma hora na fila do táxi para ir até o hotel na noite de domingo, com medo de ser xingada pelo taxista por causa da viagem curta. Chegar no hotel, ser xingada pelo recepcionista nem me lembro porque e ter que voltar a pé com as malas até o ponto de onde tínhamos saído, acompanhadas por uma mulher um tanto suspeita. Tudo porque nosso quarto estranhamente não ficava ali, mas na outra sede do suntuoso estabelecimento.

Surpresas:
- Domingo de missa e almoço tipicamente italiano em um povoado de 1200 habitantes em Conegliano, meia hora de trem de Veneza. Recebidas pelo simpático Dom Noé, padre de 75 anos que passou 15 no Brasil e é apaixonado por tudo que faça lembrar o país. A Taís saiu com o último documento que faltava para a sua cidadania italiana. Ele já fez pesquisas para a busca de papéis para mais de 2 mil brasileiros e tem toda a história guardada em arquivos ao lado de seu super computador através do qual se mantém online com a terrinha que deixou saudade.






Cenas inesquecíveis:
Todas em Roma
- Pedido de socorro para a única pessoa que sobrava na rua, no caso, um alemão chamado Ian de uns 20 e poucos anos hospedado nas vizinhanças. Medo ir a pé sozinhas pela ruela escura que nos esperava.
- Truques para esconder o decote e entrar na Basílica de São Pedro, onde uma comissão criteriosa avalia o decouro dos trajes de quem passa. Imagina se eu arrisco ser barrada depois de toda aquela fila?
- Dormir com a TV acesa, uma cadeira, uma mala e o terço do Dom Noé na porta para garantir a proteção no não recomendado hotel.


E sobreviver a tudo, manter o bom humor, conhecer lugares lindos, dar risada e voltar pra Barcelona feliz por me sentir, enfim, em casa.

14 julio, 2007

Desculpas...

O que acontece que eu não consigo mais escrever aqui?!?

Talvez porque tenha chegado de viagem quando tenho um montão de coisas pra fazer na universidade. Participo do final de uma etapa da pesquisa do Migracom até o final do mês. Os prazos se encurtam mas o trabalho não. Muitas horas por dia na UAB. E a necessidade de outras mais pra avançar minha tese que entrará em força total a partir de agosto.

Também porque nesses dias estive ocupada percorrendo algumas das centanas de lojas da cidade - todas cheias de ofertas por causa das rebajas de verano... Paraíso do consumismo. E nem eu, tão comedida que sou, consigo resistir a tamanha tentação. Sábado passado fiz um tour por La Rocca Village, um shopping fora de Barcelona (metrô+trem+táxi) com outlets de todas as marcas imagináveis. Sol a pino e mulheres desesperadas por promoções se acotovelando. Pura pesquisa de comportamento...

As praias estão lotadas. Faz calor, muito sol. Tem música nos chiringuitos. A água está uma delícia e não tem coisa melhor do que ficar de bobeira atirada na areia.

Ah, e agora tenho mais ofertas de baladas, parceria para tomar algo, turma pra sair, pra rir, pra dizer bobagem. Tem cinema ao ar livre, tem festival de jazz no parque.

Ai, ai!

Deixa eu ir lá que já tô atrasada...

05 julio, 2007

Voltei!!!


Não é a melhor foto mas reflete o espírito da viagem, feita de risadas, indiadas, cenas inesquecíveis e algumas boas aventuras. Vou arrumar a bagunça do meu quarto e repor a energia pra contar um pouco mais depois.