23 marzo, 2007

Combate ao preconceito


Acordei sem pressa hoje e enquanto tomava café assisti a uma reportagem especial na TVE sobre os resultados de uma pesquisa feita pelo Observatorio Español del Racismo y la Xenofobia. Segundo os dados levantados através 2400 entrevistas, 64% dos espanhóis consideram excessivo o número de imigrantes no país.
O informe circulou ontem, no Dia Internacional contra a Discriminação Racial, o que nos faz pensar ainda mais.

Quando me propus a vir a Barcelona estudar sobre os meios de comunicação e a imigração, por mais que já tivesse contato com pesquisas feitas aqui e conhecesse de longe um pouco da realidade local, não imaginava que o tema estivesse tão presente no dia-a-dia das pessoas. Trata-se de uma questão crucial para a vida política, econômica e social do país. Mais do que isso: está presente, às vezes de maneira mais implícita, em pequenas coisas do cotidiano, como na diversidade percebida no metrô, nas diferentes línguas e sotaques falados na rua, na divisão de trabalhos, na organização das moradias compartilhadas. E, claro, nas referências freqüentes feitas sobre o tema na mídia que, pelo que indicam investigações científicas e facilmente se pode observar lendo um jornal ou assistindo à TV, têm quase sempre um tratamento negativo.

Dados da Anistia Internacional mostram que a imigração é apontada como o terceiro maior problema da Espanha, enquanto o racismo quase não figura na lista. A organização acusa o governo espanhol de ser pouco atuante contra o preconceito dirigido aos imigrantes. Ainda assim, o informe divulgado ontem pareceu positivo para representantes da secretaria de Estado de Inmigración y Emigración por revelar uma associação entre desenvolvimento econômico e imigração. Sinalizaria que o país não teve tempo de se acostumar com uma sociedade plural, mas que está em processo. Quase 78% dos entrevistados dizem que os imigrantes representam um aporte para o desenvolvimento.
Paradoxal, não? Mão-de obra sim, cidadãos efetivos...